30/06/09

Mulher



Eu sinto as lágrimas que se misturam
No teu sangue, os desgostos que respiras,
Despeito, desamor, o pó da seca
Sinfonia do tédio causticante

Dos teus dias...sinto essa alienação
dos teus gestos, a pintura do teu rosto,
a cor das tuas vestes, essa curva
sonora do sorriso um tanto louco,
presidiário da vida desvirtuada,
distorcida, em que de aparência crês

E te absorve, te perde, te desloca...
És o poema mais belo que já li
- Doce criança, misteriosa Coisa
- MULHER !

03/06/09

Descobri o ET que há em mim...


... parti em busca de nada e,
como lhe disse,
encontrei um som;
e é tão, tão raro e especial
encontrar um... e esse som,
que me chegou na
magia e na força das
(suas) palavras, que você
tão bem conhece, ... as que
afinal nos
prendem e assolam,... e
por vezes sufocam....
e que muitas e muitas e
muitas vezes tememos...
e foi ficando perfume;
exagero, poderá pensar;
poderá rir, até, do que vou escrever,
mas acredite
que ainda que estas fossem as nossas últimas palavras,
jamais esqueceria...

e apetece-me dizer ...eyes wide shut...and i see...
Eduardo T

Confissões de Lua...











































Musa minha, és cúmplice de meus
desejos, solidária na minha dor,
testemunha das minhas vitórias
serena nas minhas derrotas.
Contigo falei, ri e chorei quando
a minha confiança acentava em
alicerces de madeira, para se
desmoronarem no pranto da minha
alma. Foste a amiga, aquela que por
momentos a compreensão se esforçou
por ultrapassar a Humanidade.
Contigo admiti que eu, tal como
todos os seres, temos medo dos
nossos demónios quer lhes resistamos,
quer se lhes abandonemos,
esforçamo-nos por aviltar o seu prazer,
afim de lhe tirar o poder quase terrível,
ao que sucumbimos no nosso estranho
mistério em que nos sentimos perdidos.
Ambas concordámos que, de todos os
jogos, o Amor é o unico que perturba
a alma, o único também em que nos
sentimos terrivelmente derrotados.
Ficamos perplexas ao assitirmos às
suas pobres confissões, das frágeis
mentiras, dos compromissos
apaixonados, tantos laços impossíveis
de quebrar e, contudo, tão depressa
desfeitos.
Rimo-nos das contrariedades deste jogo
misterioso, que vai do amor de um corpo
ao amor de uma pessoa e, que nos parece
suficientemente belo para lhe consagrar a
maior parte da minha vida.
Ouvi-te segredar-me:
- As palavras enganam, visto que esta
-prazer-esconde realidades contraditórias,
compõe ao mesmo tempo as noções de
tepidez , doçura, intimidade dos corpos,
no ponto em que o secreto e o sagrado
se encontram e, a violência, agonia e grito,
tal como a corda que o dedo faz vibrar,
não se apercebendo do milagre dos sons.
O amor arrasta-nos para um universo
diferente e, aí tal como noutras coisas,
o prazer consiste em nos abandonarmos
conscientemente a esta bem aventurada
inconsciência, consentimos em ser
subtilmente mais fracos, mais pesados,
mais leves, mais confusos que nós mesmos.
- Onde estás, quero-te a ti antes de mim,
não te vás ainda.
O eclipse foi total.
Eu posso sempre encontrar-me, outras
vezes espanto-me, outras entristeço-me,
neste estricto ajuntamento que me trás
de tão longe a este estreito cantão da
humanidade, que sou eu própria quando
estou contigo.
Sabes amiga, a solidão pode ser fatigante
mesmo quando é sincera; evidências
quase obscenas dos nossos encontros
com o nada, provas de que em cada noite
deixamos de existir.
Maldita insónia, nada és senão a obstinação
maníaca da minha inteligência em
manufacturar pensamentos, séries de
raciocínios, silogismos e definições, face á
minha recusa em abdicar a favor da
divina estupidez dos olhos fechados ou da
sábia loucura dos sonhos.
Lua sábia, ensinaste-me com o teu silêncio
a avaliar a existência humana.
Descobri que só possuo três meios para o
fazer: - O estudo de nós próprios, o mais difícil
e o mais perigoso, mas também o mais fecundo
dos métodos; a observação dos homens, que
na maior parte dos casos fazem tudo para
nos esconder os seus segredos, ou para nos
convencer de que não os têm, pois quase tudo
o que sabemos de outrém é em segunda mão,
e se por acaso um homem se confessar,
defenderá sempre a sua causa; os livros, com
erros particulares de perspectiva que nasce
entre as suas linhas. A palavra escrita ensinou-me
a escutar a voz humana, assim como as atitudes
imóveis das estátuas, me ensinaram a apreciar
os gestos.
Mas entre mim eestes actos de que sou feita,
existe um hiato indefenível e a prova é que sinto
constantemente a necessidade de os pesar, de os
explicar, de dar conta deles a mim mesma.
Existem pessoas com quem convivi, que não
as reconheceria no inferno.
Quanto aos homens, foi a minha
impotência para os defenir, qe me fez por
vezes inclinar para as explicações mágicas,
procurar nos delírios do amor, o que o
senso comum não me dava.
Quando todos os cálculos complicados se
revelam falsos, quando os próprios Poetas
e Filósofos não têm nada mais a dizer-nos,
é desculpável que nos voltemos para a
chilreada fortuita dos pássaros, ou para o
longínquo contrapeso dos astros.
Lua, fictícia amiga, a vida tem coisas boas,
prova que as decisões do esprírito e da
vontade transcendem as circunstãncias.
O verdadeiro lugar do nascimento é aquele
em que, pela primeira vez, se lança um
olhar inteligente sobre nós próprios.

Hoje nasci.
A ti o devo,
Obrigada