01/07/09

Medos
























Porque geramos nós o conflito e nos agitamos,
como se fossemos imortais?
Temos medo de crescer, medo de aprender,
de ver e ouvir, temos medo de dormir, sonhar e acordar.
Temos medo da rejeição, da negação e da aceitação.
Temos medo do mal, do instinto e do desconhecido,
medo das vitórias e das derrotas. Temos medo de
chegar e do partir, de acreditar, medo de sorrir
e até de chorar.
Temos medo da dor, medo da solidão.
Temos medo de dar e receber, medo de nós próprios
e até dos outros.
Temos medo de sentir, temos medo de amar.
Ah...o Amor!
Nunca compreendi que alguém se saciasse de
outro ser...no amor, claro.
Porque o infinito desejo de conhecer exactamemte
as riquezas que o Amor nos traz, de nos ver mudar,
de o vermos envelhecer, onde o mistério e a dignidade
de outrém consiste em oferecer ao EU esse ponto
de apoio, de novas emoções que despontam,
capazes de tocar a parte mais luminosa de nós.
O Amor faz-nos despojar de tudo o que somos,
deixando-nos mais vulneráveis,capaz de uma humildade
que ultrapassa a derrota ou a prece.
Fico fascinada por ver que o Amor se renova na
complexidade dos recursos, das responsabilidades,
das confissões e das frágeis mentiras, dos compromissos
apaixonados, tantos laços que são impossíveis de quebrar
e contudo são tão depressa desfeitos.
Deveríamos de saber abandonar-nos conscientemente
a esta bem-aventurada inconsciência, consentirmos em
ser subtilmente mais fracos, porque o Amor arrasta-nos para
um universo diferente quando o prazer se desenlaça.

Veredicto final:

Quando considero a minha vida, fico apavorada
ao achá-la informe.
A existência dos heróis, aquela que nos contam, é simples:
Aparecem a galope num cavalo branco, lutam destemidos
pela donzela, casam e são felizes para sempre.
A maioria dos homens gosta de resumir a sua vida num
preceito, por vezes uma jactância ou numa lamentação,
quase sempe numa recriminação; a sua memória fabrica-lhes
complacentemente uma existência explicável e clara.
A minha vida tem contornos menos firmes.
Como sucede frequentemente, é talvez o que eu não
fui que a define com maior justeza: boa mulher, mas não
grande mulher; amadora da arte, mas não grande artista;
capaz de pecados, mas não carregada deles.
Ocupei sucessivamente todas as posições extremas,
mas não me mantive nelas; a Vida fez-me sempre deslizar.

Quanto á observação de mim mesma, no meu aspecto
mais profundo, o conhecimento de mim é obscuro, interior,
inexpresso, secreto como uma cumplicidade;
No seu aspecto mais impessoal, tão gelado como as
teorias que eu possa elaborar àcerca do que me rodeia;
emprego o que tenho de inteligência e instinto, para ver de
longe e de mais alto a minha vida, não tenho outros meios,
pois é com estes que construo melhor ou pior, uma ideia
do meu destino de mulher, sem MEDOS,
evitando o único medo; SER SÓ !